sábado, 8 de janeiro de 2011

A Existência que construímos


Durante nossa vida, que é marcada de momentos, passamos a ser pessoas capazes, capazes de sentir, fazer e simplesmente ser, somos criativos, audaciosos, e sempre com vontade de permanecer nesta realidade.

Ao fazer acontecer, o Devir, ou seja, o próprio movimento, deixamos, em nossa vida, sinais que por vezes são eternos, ou seja, amamos seres como nós, ou diferente de nós, construímos amizades, muitas delas eternas, e por isso, somos re-inventores de nossa existência.


O homem necessita amar e ser amado, mesmo que por um instante insignificante diante das horas que já vivemos ou ainda, iremos viver. Mas o que ganhamos com isso?

Ganhamos com isso, experiência, enriquecimento e um novo plano de vida, uma rota para querer permanecer nesta realidade.

Cristo nos ensinou a amar, amar incondicionalmente, nos deixou livres para amar e também valorizar o outro, com suas características, sonhos e, sobretudo, em sua individuação, ou seja, “eis que eu vos dou um novo mandamento”.

Há um certo plano no qual, nós humanos, precisamos, de um modo especial, re-inventar o sentido de nossa existência, ou seja, re-configurar os sonhos, os desejos, os objetivos e os valores da humanidade, que estão soltos e desvalorizados em nossa sociedade.

Se a história nos ensinou a ser seres indagadores, capazes de transformar e dar sentido tal a matéria, ser capaz de modificar sua aparência, e por que é que estamos ainda, um massacrando o outro, matando ou sufocando nossos semelhantes? E aqui, semelhantes não é nosso parente, mas sim, aquele que é da mesma espécie, ou seja, “homus sapies sapiem”.

Os primeiros filósofos se interessaram pelo “fenômeno natural”, ou seja, estavam encantados com o dado puramente físico, de como as coisas se originaram, tempos depois, outros se questionavam sobre o dado metafísico, queriam saber do ser, de como era constituído esse ser, outros ainda, num tempo mais próximo, porém, não tão próximo, estavam imersos no dado cientifico, de outra forma, das grandes descobertas, no qual surgiram grande teorias, novas visões de como o mundo era e de como o universo se estruturava.

Atualmente não fazemos essas descobertas grandiosas como nossos antigos pensadores, hoje, vivemos nos perguntando qual o sentido disso ou daquilo, somos, como eles, seres indagadores, respondões para os diversos desafios, ou até mesmo, “fenômeno” que ocorrem, e é assim que atualizamos nossas condutas rumo ao futuro, e o futuro é agora.

Achamos um modo de ver as coisas, e como Sartre, a fenomenologia é “um modo de ver as coisas”.

A sociedade, de um modo especial, nosso povo brasileiro, esquece de ver as coisas, o dias passam, coisas acontecem, pensamentos são estruturados, e o povo continua sendo alienado, presos dentro de “cavernas”, prestigiando programas que não enriquece nem 10% nossas crianças, e nossos adultos, só vemos programas que criam utopias, fantasiam um padrão de beleza, e podemos arriscar, hoje para ser, existir, é preciso ser magro, com o corpo escultural, e com menos roupa no corpo.

É possível enxergar uma grande lacuna cultural, uma grande depressão na história que construímos com nossa vida, ou seja, ao invés de progredir estamos regredindo, voltando, até mesmo a ser, com o perdão a nossos ancestrais, primitivos, e sem raciocínio.

Talvez estejamos nos esquecendo da tradição herdada, estamos nos amarrando a padrões de uma liberdade assistida e condicional, que, por mais que não queiramos, vem mascarada de uma total liberdade arraigada de conformismo e ilusão, e, portanto essa “liberdade” é na verdade uma prisão.

Portanto, é assim que ao longo dos anos marcamos nossa existência, sendo podados por um padrão que é maior e mais forte, mas isso pode ser revertido se obtivermos coragem para enfrentar e isso é possível se voltarmos a pensar.


Reverendo Sérgio Henrique de Souza
É Diácono em reconhecimento de ordem da Diocese do Recife, Professor de Filosofia da rede estadual de São Paulo e de escolas particulares.

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